Relatório da Oficina (ES)

Relatório da Oficina

Análise de ecossistemas de evidências em saúde, educação e segurança na América Latina e no Caribe: Caso Brasil

Entrevista com Kershelle Barker

Ouvindo os parceiros: Caribbean Centre for Health Systems Research and Development (CCHSRD)

Apresentação

O Caribbean Centre for Health Systems Research and Development (CCHSRD) é um Centro de Pesquisa da Universidade das Índias Ocidentais, localizado em St. Augustine, Trinidad e Tobago (T&T). O Centro foi estabelecido em 2018 para realizar um programa de trabalho em Pesquisa de Políticas e Sistemas de Saúde (HPSR), com o objetivo de abordar os urgentes problemas de políticas e sistemas enfrentados pelos tomadores de decisões na região do Caribe. O Centro se envolve em diversas atividades, com quatro funções principais: condução de pesquisas, tradução do conhecimento, treinamento e desenvolvimento de recursos humanos em saúde, e engajamento cidadão. Para esta publicação, entrevistamos Kershelle Barker, Pesquisadora Júnior em Sínteses de Evidências no CCHSRD.

1.     Hub LAC: Conte-nos um pouco sobre o Caribbean Centre for Health Systems Research and Development e suas áreas de pesquisa focadas em formulação de Políticas Informadas por Evidências.

K.B: Com a missão de gerar e facilitar o uso de evidências de pesquisa para fortalecer os sistemas de saúde e os processos de formulação de políticas, grande parte de nosso trabalho se concentra em desenvolver a capacidade individual e institucional na formulação de Políticas Informadas por Evidências (PIE). Para esse fim, o CCHSRD conduziu Avaliações de Necessidades com os Ministérios da Saúde; Trabalho; Planejamento e Desenvolvimento; Desenvolvimento Social e Serviços Familiares; e Esporte e Desenvolvimento Comunitário em Trinidad e Tobago, para compreender seus processos de formulação de políticas, o uso de evidências e suas necessidades de treinamento em PIE.

Posteriormente, organizamos exercícios de definição de prioridades e workshops para desenvolver a capacidade em PIE, além de fornecer orientação e mentoria para funcionários selecionados como parte de dois grandes projetos – o programa de Mentoria do Centro de Conhecimento para Política do WHO Building Institutional Capacity for HPSR and Delivery Science e o projeto Partnership for Evidence and Equity in Responsive Social Systems (PEERSS).

Além disso, em 2020, o CCHSRD lançou com sucesso o seu Programa de Treinamento de Bolsas de Estudo “Evidence to Policy”, com o objetivo de promover a formulação de políticas e práticas baseadas em evidências, desenvolvendo a capacidade tanto dos formuladores de políticas (para utilizar evidências) quanto dos pesquisadores (para apoiar o processo de formulação de políticas).

O Centro produziu/co-produziu diversos produtos de tradução de conhecimento para informar ações políticas e programáticas multissetoriais. Isso inclui seis (6) Resumos de Evidências para Políticas e quatro (4) Resumos de Resposta Rápida sobre prioridades em saúde (recursos humanos, serviços de saúde sexual e reprodutiva, saúde mental e prestação de serviços) e em outros setores sociais (trabalho, educação, assistência social e desenvolvimento comunitário). Também organizamos uma reunião de disseminação de interessados e duas mesas-redondas com partes interessadas, e estamos engajados em atividades de acompanhamento e advocacia para incentivar a adoção das evidências.

2.    Hub LAC: Que esforços regionais específicos o CCHSRD empreendeu para melhorar a tomada de decisões no contexto do Caribe? Poderia dar alguns breves exemplos para ilustrar?

K.B: A segunda turma do Programa de Treinamento de Bolsas de Estudo “Evidence to Policy” do CCHSRD foi aberta para tomadores de decisão no Caribe. Um bolsista da Guiana concluiu com êxito o programa, e foi produzido um Resumo de Evidências para Políticas com o objetivo de melhorar o acesso, a qualidade e a equidade na prestação de serviços de saúde em Guiana. Esse Resumo continha evidências locais sobre o problema, bem como elementos de políticas propostos para abordar a questão, embasados nas melhores evidências disponíveis. Embora o programa de bolsas de estudo tenha sido encerrado desde então, temos a intenção de continuar envolvendo-se com as partes interessadas em Guiana, para fornecer treinamento e capacitação em habilidades e processos de formulação de políticas baseadas em evidências.

Em 2022, o CCHSRD colaborou com o Hub de Evidências da América Latina e Caribe (Hub LAC) para sediar um workshop de aprendizado virtual. Os objetivos foram identificar as necessidades locais e regionais de formulação de políticas baseadas em evidências; conectar as principais partes interessadas de três países caribenhos (Trinidad e Tobago, Barbados e Jamaica); e gerar conhecimento sobre a formulação de políticas baseadas em evidências na região. Este workshop proporcionou insights valiosos sobre as barreiras e facilitadores comuns para a formulação de políticas baseadas em evidências no Caribe, bem como os fatores necessários para construir um forte ecossistema de evidências.

Além disso, o CCHSRD abriga a Comunidade de Prática para Pesquisa em Política e Sistemas de Saúde (CoP4HPSR) do Caribe, que é uma rede de 135 pesquisadores, profissionais de saúde, formuladores de políticas e outras partes interessadas de 14 países, comprometidos em fortalecer a capacidade de pesquisa em política e sistemas de saúde na região do Caribe. Através do compartilhamento de informações e do diálogo frequente sobre tópicos relacionados à pesquisa em política e sistemas de saúde, pretendemos continuar fortalecendo a compreensão dos tomadores de decisão e pesquisadores sobre o papel crucial da evidência na formulação de políticas e tomadas de decisões no Caribe.

3.    Hub LAC: Na sua opinião, que contribuições significativas um Hub colaborativo regional pode fazer para atender às necessidades de tradução de conhecimento em um ecossistema de formulação de Políticas Informadas por Evidências em nossa região da América Latina e Caribe (LAC)?

K.B: Um Hub colaborativo regional é importante para promover uma compreensão compartilhada e o comprometimento com a utilização de evidências na tomada de decisões na região da América Latina e Caribe (LAC). Desafios comuns que enfrentamos regularmente, os quais dificultam esse esforço, incluem uma desconexão entre os resultados de pesquisas e as necessidades dos formuladores de políticas; e uma falta de dados e evidências contextualizadas para informar políticas, programas ou intervenções nos países.

Ter um órgão regional dedicado a preencher essa lacuna e gerar produtos e serviços de tradução de conhecimento adaptados à região da LAC resultaria em fornecer aos formuladores de políticas/tomadores de decisões evidências oportunas e relevantes para informar ações que têm mais probabilidade de: (i) ser viáveis e fazer um melhor uso dos recursos já limitados; (ii) superar potenciais barreiras específicas do contexto para a implementação; e, portanto, (iii) alcançar impactos positivos, como a melhoria da saúde e outros resultados da população.

A colaboração em nível regional também pode ajudar a aumentar o envolvimento dos tomadores de decisão no processo de pesquisa/evidência-política; e fortalecer as relações entre os países, para unir recursos e esforços a fim de abordar prioridades regionais de saúde e sociais.

Entrevista com Janessa Oliveira

Ouvindo os parceiros: Women and Global Health

Apresentação

Iniciando sua jornada em 2015 como uma Organização sem Fins Lucrativos, hoje a Women in Global Health representa um movimento global de atuação e liderança para a promoção da equidade de gênero na saúde. Atualmente, a organização conta com 47 capítulos em 43 países, cerca de 5.500 membros e 100.000 apoiadores em mais de 100 países, estabelecendo uma ampla rede de aliados em prol do fortalecimento da liderança igualitária de gênero na saúde global. Para este boletim, conversamos com Janessa Oliveira, doutora em Saúde Pública, que atualmente integra a coordenação do capítulo brasileiro da Women in Global Health.

Hub LAC: A WGH possui ações tanto em advocacy, como enquanto plataforma para diferentes iniciativas e parcerias. Nesse sentido, você poderia nos dar um panorama concreto de iniciativas que vocês desenvolvem?

J.O: A WGH vem atuando há oito anos através de diversas iniciativas para promover a igualdade de gênero na área da saúde. A área de advocacy e articulação com organizações com influência em cada território se mostrou uma parte crucial da nossa atuação. Dessa forma, os capítulos regionais e nacionais são estimulados a buscar alianças e contatos para implementar ações nessas vertentes que possam gerar mudanças a nível local. Além disso, a organização promove eventos que mostram experiências bem-sucedidas em outros países, para que outros capítulos possam se inspirar. Ademais, a WGH compreende a relevância em participar de eventos e conferências a nível global, como forma de incentivar a representatividade das mulheres nestes espaços, participando dos debates para promover a redução das desigualdades de gênero na área da saúde. 

2. Quais são as principais evidências que apoiam a compreensão de vocês sobre a natureza e a magnitude dos desafios na igualdade de gênero na saúde? 

J.O: Atualmente nos apoiamos em dados secundários fornecidos principalmente pelo CNES – Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde, e estamos trabalhando em estabelecer alianças locais para coletar e compreender melhor o perfil demográfico das profissionais de saúde no Brasil. Para investigar a desigualdade de remuneração, estamos em contato com os conselhos profissionais para obter dados assertivos. Para gerar conhecimento sobre questões relacionadas a violências, o capítulo brasileiro investirá na busca de dados com os conselhos profissionais e na aplicação de um inquérito.  Para maximizar a adesão a esta pesquisa, visto que é um tema sensível, estamos formando alianças para disseminar o questionário em todo o Brasil e obter uma amostra mais representativa.

Hub LAC: 3. A WGH hoje conta com uma ampla rede global, estendida pelos cinco continentes. Como são engendradas estas iniciativas, considerando as particularidades de cada região ou mesmo entre os países?

J.O: A Women in Global Health conta com uma gestão que busca criar mecanismos de colaboração regional e global entre os capítulos. Para tal, existem diversos Hubs regionais onde os capítulos podem colaborar e alinhar prioridades, organizar atividades conjuntas, entre outros. Também existem reuniões globais mensais em que os capítulos engajam, compartilham suas atualizações e discutem diversos temas atuais no escopo do advocacy para a saúde global.

Para promover a troca de experiências e ideias, a WGH global também busca organizar eventos e atividades com o intuito de mostrar como diferentes temas se dão nas diversas regiões. Um exemplo desse tipo de atividade foi a organização de quatro Assembléias regionais (Townhalls) sobre o tema de Exploração, abuso e assédio sexual (SEAH) na área da saúde, para o qual foram convidadas representações de governos, ONGs e ativistas para discutir questões propostas pela WGH sobre assédio e violência na saúde global. 

Durante esses eventos (que foram realizados para as regiões da África Oriental e Meridional, Ásia, América Latina e Caribe, África Francófona), iniciativas interessantes foram apresentadas, ampliando a troca de ideias e experiências entre representantes desses setores em diversos países. O capítulo brasileiro foi um dos co-sponsors do evento para a região das Américas e o Caribe. Vejam aqui os resultados dos eventos.

Outra iniciativa importante na qual estamos trabalhando, está mais alinhada com a nova proposta da WGH, lançada no final do ano passado, que tem foco na Cobertura Universal de Saúde. Recebemos financiamento para projetos nessa linha e nossa primeira iniciativa será trabalhar com podcasts. Acreditamos que os podcasts são uma excelente ferramenta para disseminar conteúdos de qualidade em áreas remotas, onde a cobertura de internet é limitada, como é o caso da região amazônica. Queremos difundir conteúdos que promovam a liderança feminina e melhorem a qualidade da assistência à saúde nessas áreas.

Análise Situacional (ES)

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